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III - Ventos Cruzados

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III - Ventos Cruzados  Empty III - Ventos Cruzados

Mensagem por Heiwas Sáb Jul 27, 2019 10:55 am

Ventos Cruzados



A rota quatro prometia uma calmaria fora do comum. Um ar de alegria e tranquilidade repousava sobre as flores e as árvores frutíferas que enfeitavam o caminho pelo qual Heiwas seguia.
A garota respirou profundamente, sentindo-se mais leve do que nos últimos dias. Ela tentou sorrir, mas seu sorriso curto e fino era tão perturbador para outras pessoas que ela achou por bem colocar a sua expressão de sempre: um rosto em branco. Suas mãos estavam enfiadas em seu casaco enquanto que seu fiel companheiro estava enfiado em sua bolsa de couro, cansado demais depois de ter passado a noite curando no Centro Pokémon. E falando em curar, o Shinx não era o único que estava se recuperando das aventuras anteriores. A menina de olhos dourados ostentava uma costela ferida e uma cabeça enfaixada, fora algumas bandagens nos braços por causa de alguns arranhões que sofrera quando se jogara de um caminhão —Longa história. Você não vai querer saber.

—Espero que a rota 4 não seja tão longa quanto a 5 —Disse, olhando para o tronco de uma árvore onde a sombra de Sewaddle podia ser notada.

—Woo woo —A salamandra cantou. Heiwas cerrou os olhos para ela, se perguntando se estava concordando ou discordando, afinal, Lazúli era famosa por viver de adrenalina.

—Eu acho que nunca vou entender o que se passa na sua mente —A mulher proclamou, ignorando o olhar da outra.

Ela pensou brevemente se deveria alcançar a pokébola de seu Pidgey e trazê-lo para aproveitar, contudo descartou o pensamento assim que passou na sua cabeça. Peregrin a mataria se ela o acordasse antes do meio dia e, bem, pode não parecer, mas ela ama viver. Adora, até.

Foi com esse pensamento que ela relaxou, levantou a cabeça e fechou os olhos, deixando a luz do sol lavar seu corpo. Ela quase podia sentir seu corpo bem descansado vibrando sobre o calor. Era tão bom que ela quase duvidou se aquela era mesmo sua realidade.

—Com um pouco de sorte as coisas vão continuar assim, Lazúli —A jovem disse —Sem gamma, alfa ou treinador a vista. Apenas nós e a estrada.

Lazúli não foi a única que não acreditou.

III - Ventos Cruzados  Original

Aconteceu como todas as coisas acontecem: com um grito. Um grito muito alto e fino que quase confundiu a pesquisadora com um pássaro. Sério, ela até parou um momento e olhou para o topo das árvores a fim de descobrir quem era o pobre desgraçado que tinha gritado. Não foi até o terceiro e quarto (… Hum, som?) barulho que ela resolveu ir investigar —por insistência da Wooper, Heiwas queria ressaltar.
A adolescente deixou a trilha de areia com pena e um olhar de saudades, já sabendo que aquele era o fim de seu sossego. Nossa, ela nunca pensou que sentiria falta da paz e quietude até sair em uma jornada. Heiwas conseguia entender Blue bem melhor agora, tanto que ela já estava sentindo suas costas doer.

—Se é assim que a empatia funciona —Disse, pulando um grande tronco na estrada —Então eu não quero mais ser empática.

Ela, Wooper e Shinx, agora acordado, seguiram na direção do som horrível, deslizando por entre as árvores e adentrando mais fundo na floresta. Após alguns minutos de caminhada árdua eles chegaram a uma clareira. O lugar era grande e com muita grama alta, quase uma planície embutida no meio da selva. As únicas coisas que se destacavam eram as árvores de troncos longos e algumas pedras aqui e ali. Foi em uma dessas árvores altas que o problema se pendurava. Nesse caso, literalmente.

A garota não soube descrever o garoto. Ela poderia dizer que ele era ruivo, mas a cor não era vermelha como o cabelo de Lance. Então ela pensou em loiro, mesmo que não fosse amarelo. O problema era que era laranja! Quem diabos tem o cabelo laranja?

—Treze —Heiwas sussurrou, virando a cabeça para o lado.

O menino parecia muito distraído e em pânico para perceber que Heiwas estava a uns sete ou oito metros de distância. Pálido, com olhos arregalados travados no Deerling primavera abaixo de si e a boca aberta em um grito perpétuo, Treze era o epítome do medo. "Ele é bom nisso" a jovem pensou enquanto andava apenas mais meio metro para frente, para ficar no campo de visão do garoto medroso.

—Eu também teria medo se fosse ele —Heiwas já tinha tido sua cota de pokémon gamma. Ela tinha enfrentado dois deles até agora e não estava nem um pouco animada para enfrentar um Deerling gamma. Dois era um número tão bom. Um par perfeito.

—Graças a Deus! Floco de Neve! —O garoto gritou, as pernas balançando no ar. Suas mãos seguravam o galho grosso da árvore como se fosse sua única esperança. O que, de fato, era verdade —Me ajude! Socorro!

O Gamma Deerling era muito diferente do Deerling primavera que era o comum daquela rota. Ele tinha um halo de flores, flores mortas. O verde de sua pelugem lembrava mais morte do que a primavera e seus olhos, nossa, seus olhos eram coisas opacas. Buracos vazios que não continham sentimento nenhum além da raiva. O servo filhote parecia não pensar direito, batendo a cabeça constantemente na árvore que Treze estava pendurado, esperando derrubá-lo para, não sei, pisoteá-lo até a morte? Heiwas realmente não queria enfrentar aquele bicho e tampouco ficar para ver no que aquilo ia dar. Wooper e Shinx também pareciam concordar com ela.

—Onde você vai?! Não me deixe! —Gritou desesperado quando a viu se afastar —Por favor! Cara! Volte aqui! Eu faço qualquer COISA!

Treze gritava alto, fazendo os cabelos saltar na cabeça. Toda a árvore tremeu quando o tipo normal a atingiu com um Tackle. De repente o aperto do adolescente começou a escorregar.

—Qualquer coisa? —Heiwas perguntou monotonamente, balançando em seus calcanhares.

—Eu juro! Qualquer coisa!

—Você mente. Por que devo acreditar em você?

—E-e-eu estou falando sério! Ahhhh —Uma das mãos dele se soltou —Eu juro! Por favor!

—Shinx!
—Wooo!

A outra mão não resistiria muito tempo, Heiwas sabia. Ela tirou uma pequena bola de seu casaco e a ampliou.

—Bem, é depois de meio dia —A esfera foi arremessada para cima, onde se abriu com um barulho alto. A luz prata que saiu dela materializou-se em um pardal de asas compridas e penas longas —Peregrin, ajude-o!

—Pidg!"Por que só eu tenho que lidar com os idiotas?" A ave pensou, revirando os olhos e voando para o tronco no qual o menino estava pendurado.

Ele meteu as garras nas mangas da jaqueta do garoto e bateu as asas com força, puxando-o apenas o suficiente para que o garoto pudesse sentar no tronco. Depois disso o pássaro virou a cabeça, pensativo, vendo qual seria o melhor jeito de tirá-lo dali.

—Não tem jeito! Vamos ter que lutar —Heiwas gritou depois de um tempo. Pidgey imediatamente desceu da árvore e pousou nos ombros dela, furando de propósito a pele macia.

—Você quer essa rodada?

—Pidgey! —Peregrin gritou. Entre um idiota pendurado e um monstro sanguinário, mil vezes o monstro. Além disso, ele tinha acabado de acordar então bem que ele poderia descontar o seu mau humor em alguém.

—Certo. Lazúli, Solum, tirem o treze dali. Nós vamos distraí-lo!

—Shinx!
—Woo wooper.

Agora era muito tarde para fugir, infelizmente. Treze tinha jurado e ela não podia evitar o favor. Ela já estava vendo seu dia de calma escorregar em um conto de ação e dor orquestrado por uma mente louca…

—Vamos lutar!

III - Ventos Cruzados  016MSBatalhaIII - Ventos Cruzados  0zF77VT


—Comece com Tackle e depois Quick Attack!

O servo não parecia muito animado para deixar a árvore e brigar com alguém, mas gritos e um Tackle no lado esquerdo não eram fáceis de ignorar. Enfurecido e impaciente o Deerling virou-se para o pássaro e gritou. Uma série de corações rosados saiu da sua boca e seguiram na direção da ave que, apesar de tentar se esquivar, foi atingido com força.
Peregrin grunhiu, mas não deu nenhum outro sinal de desconforto além de um leve recuo. Fechando as asas mergulhou contra o servo que agora atacava com Vine Vip. Para esquerda, direita, suba! Pidgey desviava com uma destreza incomum a sua espécie, atacando com Quick Attack no final da série de golpes.

—Siga com Gust!

Frustrado o servo gritou, mostrando todo seu descontentamento com Growl. Peregrin revidou com Gust, agitando as asas que brilhavam em um leve tom de azul. Um pequeno redemoinho se formou e engolfou o tipo fairy dentro, prendendo-o dentro daquela ventania.

—Aproveite! Tackle!

Ele mergulhou mais uma vez na direção do outro, mas o gamma tinha vencido o Gust e se aproximava com velocidade, saltando sobre o pássaro e mordendo com força o pescoço dele, antes de tentar chutá-lo com seus cascos. Play Rough não era brincadeira, embora o pardal também fosse um pássaro durão; com um resmungo ele se soltou, alçou voo e deu a volta para atacar novamente…

—Quick Attack!

Ele deixou-se ser carregado pelo vento, aproveitando uma brisa passageira para subir alto o suficiente e depois descer sobre o servo, acertando a cabeça com uma precisão absurda. Não era atoa que sua habilidade era o Keen Eye.

—Não lhe dê tempo para respirar! Gust!

Deerling, por sua vez, foi com outra tentativa de Vine Vip, criando cipós das flores mortas de seu pescoço e atacando com um movimento de cabeça. Ao invés de escapar Pidgey contra atacou com o Gust. O vento empurrou as vinhas de volta para o servo com força absurda, levantando até poeira no caminho.

—Termine com isso!

—Pidg!

Sem esperar uma ordem ele forçou-se em uma briga brutal contra o Deerling que se emparelhou a ele com Play Rough.
Onde um cedia o outro se firmava, chutando ou mordendo enquanto que Pidgey utilizava o Quick Attack para esquivar e atacar. Estavam tão rápidos que Heiwas mal conseguia acompanhar os movimentos.
Em determinado ponto o gamma empinou, levantando as patas dianteiras na tentativa de descer e esmagar o pássaro embaixo dele. Mal sabia o Deerling que além de se afastar, como qualquer pokémon sensato faria, Peregrin apenas mudou de direção e investiu contra a barriga desprotegida do tipo normal e fada, jogando-o de costas. Deerling caiu contra uma pedra, batendo as costas com força e não se movendo mais além das curtas respirações.

Fim da batalha



—Vamos!

Heiwas não ia esperar para que o gamma acordasse. Ela prendeu as mãos nas mangas da jaqueta de Treze (que tinha caído da árvore com a ajuda de Solum e Lazúli) e começou a correr, arrastando o garoto atrás de si. Eles subiram pelo caminho estreito, deixando a planície para trás e adentrando mais profundamente na floresta. Correram sem parar, avançando rapidamente até que chegassem novamente na estrada de areia. No lugar seguro. Certo?

—Não! O que você está fazendo?! —O garoto perguntou, puxando a menina para trás.

—A rota é segura! —Heiwas respondeu, soltando a manga do menino e balançando de um lado para o outro como uma palmeira ao vento —Grama baixa afasta os pokémon!

—Isso pode ser verdade, mas…

—A floresta não é segura com o Deerling gamma e…

—Eu sei é que…

—A grama baixa afaSTA os pokéMON —Ela repetiu, nervosa, olhando para todos os lados menos os olhos castanhos de Treze —A GRAMA BAIXA AFASTA OS POKÉMON!

—Mas não os humanos, tá legal?! —Ele gritou, assustando a garota —O Team Eclipse está atrás de mim por causa do que aconteceu com o caminhão!

—O-oquê? Você está mentindo!

—Olha para mim! —Treze bateu no peito em uma atitude desesperada —Eles não admitem erros! Eles têm muito poder e nenhum misericórdia! Eu não posso fugir, okay?!

—A culpa é minha? —Perguntou, depois de um momento de silêncio. Ela sentou-se ao lado dele, em cima do tronco que tinha saltado logo no começo de sua viagem, com os braços cruzados sobre os joelhos e os olhos travados no chão —O gamma escapou por minha causa e…

—Coisas ruins acontecem! —Ele esfregou o rosto frustrado —É assim que o mundo funciona. Não é culpa de ninguém além da minha própria que eles vão me matar assim que me alcançar…


..
.

—Você deveria ir antes que eles cheguem, Floco de Neve.

Heiwas olha para Lazúli, para Peregrin e para Solum. Eles se movem sobre seu olhar, a fitam com a mesma intensidade. A garota assente.
Heiwas não vai embora.

III - Ventos Cruzados  2ni4pb9
aqua


Algumas coisas: escreveu:Essa mudança: esTAVa não é um erro, mas serve para mostrar a mudança de tom de Heiwas que facilmente perde o controle da altura da sua voz, não sabendo se ela está gritando ou não
E também há links da rota anterior no texto, que dão contexto do que aconteceu^^

Vs Gamma Deeerling Primavera


Última edição por Heiwas em Dom Ago 04, 2019 7:34 pm, editado 3 vez(es)
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III - Ventos Cruzados  Empty Re: III - Ventos Cruzados

Mensagem por Sammy Sáb Jul 27, 2019 11:58 am

Atualização
Heiwas
Uma história boa e de enredo simples, um pouco clichê mas bem empolgante. É bom ver que agora existe um novo Personagem em sua trama, isso torna a jornada ainda mais divertida, não é? Eu realmente gostei da forma como você construiu o Deerling, algo realmente bem feito. Parabéns.

PRÊMIO
III - Ventos Cruzados  016
+2 Nível
Subiu ao Lv 20
73% - Muito Bem
Heiwas recebeu:
III - Ventos Cruzados  G53zeju
Rainbow Shard
Recebeu 1x Rainbow Shard.
III - Ventos Cruzados  Geniuswing
Genius Wing
Recebeu por conta do Gama, recebeu 1x Genius Wing.
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Por conta da Batalha Pokémon, Heiwas recebeu
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III - Ventos Cruzados  Empty Re: III - Ventos Cruzados

Mensagem por Sammy Seg Jul 29, 2019 6:33 pm

Desafios
Escolha dois dos quatro desafios




Fios em Cobre


Treze? Quem é Treze? Só sabemos que ele parece ser um garoto simpático, bobo, medroso e até atrapalhado. Mas de toda forma, ele esconde alguma coisa. Enquanto ele e Heiwas conversavam entre si, um rugido alto vinha das florestas. Alguns segundos se passaram e uma mulher elegante aparecia, junto dela um Slaking. Treze entrou em pânico implorando por ajuda, Heiwas e seus Pokémons precisavam ajuda-lo ou melhor protegê-lo. A estranha se revelava uma Eclipse, uma Eclipse de Elite. Com um tom ameaçador ela te ameaçava em uma Batalha Pokémon. Batalhe com a membro dos Eclipse em uma briga feroz, tenha em mente que a mesma só utiliza um Slaking, que deverá ser narrado com Tm's e Egg Moves. Descreva-o como um Pokémon Veterano ou ainda melhor, experiente.


Recompensa:
+1 Nivel
300 Ienes
1x Antidote

E-eu? Eu tenho medo


Heiwas sempre se mostrou bastante tímida, parece ter medo dos humanos. A garota sempre culpa o seu autismo após ter fracassado em algo ou com alguém, ela culpa o transtorno até quando erra em coisas pequenas. Tente amadurecer como pessoa e também como Treinadora. Chega de abaixar a cabeça, tente dar um sorriso para o mundo e para os seres vivos. Crie um enredo simpático, dramático e encorajador. É proibida a entrada de Batalhas Pokémons e Pokémons Selvagens.


Recompensa:
+1 Nivel
2x Rainbow Shard
1x Burn Heal

Chega de Eclipses
★★


— "Porquê? Por que estão me seguindo? O que eu fiz para vocês?!" — Dê um fim nos Eclipse, descubra a razão de tanto ódio e perseguição. Os Eclipses já passaram do limite, quem eles acham que são? Já te colocaram em um caminhão! Chega disso. Desenvolva uma aventura épica se "vingando" dos Eclipses, assim entre em uma briga 2vs2. Mas não se esqueça; é necessário lutar com um pokémon III - Ventos Cruzados  820185377 e outro III - Ventos Cruzados  1677461242.


Recompensa:
+1 Nivel
1x Swift Wing
600 Ienes

Opulência da Galáxia
★★


Um Eclipse Lunar está acontecendo ao mesmo tempo em que ocorre uma Lua Nova. O Sol está cobrindo a Lua Azulada e brilhante ao mesmo tempo que seu brilho se mostra em toda Aurille. As pessoas estão maravilhadas, estão tirando fotos e sentindo fortes emoções. Aah... o universo é mesmo muito lindo. Portanto, faça uma trama noturna sem batalhas e sem Pokémons Selvagens. Crie um cenário bonito, místico, um clima agradável e tente montar uma situação que envolva a estrela ou o satélite; Sol ou Lua.


Recompensa:
+1 Nivel
1x Great Ball
600 Ienes
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Última edição por Sammy em Qui Ago 01, 2019 1:24 pm, editado 2 vez(es)
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III - Ventos Cruzados  Empty Re: III - Ventos Cruzados

Mensagem por Heiwas Qui Ago 01, 2019 10:38 am



Aquilo que Escolhemos Esquecer


“Há uma pesquisa em andamento sobre do que era feito as foices do Scyther. Muitos diziam que as lâminas eram parte do osso dos braços, mas a teoria, mas consistente apontava que o principal material era a queratina, da mesma forma que algumas garras e chifres de pokémon eram produzidos.”

Esse foi o primeiro pensamento de Heiwas quando a foice da garra direita do Scyther pressionou seu pescoço, enviando um arrepio pela coluna. Suor escorreu de sua bochecha, suas pernas tremeram de ansiedade enquanto que suas mãos se ocupavam em apertar e segurar o ar ao redor. Havia um frio que se construía no fundo de seu estômago, que a gelava por dentro a ponto de congelar seu coração. Como uma cobra que se enrolava e se contorcia, o medo se esticava e percorria suas veias, envenenando-a com temor e horror.
Ela engoliu em seco, respirando pelo nariz para não ousar perturbar o estranho equilíbrio que mantinha com o louva-Deus mutante. Ela não podia se mexer muito se não quisesse perder a cabeça, o que era muito ruim já que quando nervosa ficava tão inquieta que a única coisa que a ajudava a se acalmar era caminhar.

Sua mente era uma confusão de pensamentos jogados ao vento. Coisas que não faziam sentido juntas, sussurros paranoicos que deixavam a situação ainda mais aterrorizante. Ela sabia que não deveria confiar na sua cabeça, principalmente como coisas como "as garras de um Scyther podem cortar uma árvore ao meio como se fosse manteiga" pairavam sobre ela como fatos incontestáveis. Ela amaldiçoou sua memória e rangeu os dentes, segurando um grito quando a mulher puxou seus cabelos.

—Ora ora, se você não é uma coisinha bonitinha, não é? —Ela falou docemente, virando o rosto para tirar a longa franja preta do olho —Seria uma pena arruinar um rosto tão fofo quanto o seu…

Scyther forçou mais forte contra seu pescoço e um fio de sangue escorreu. Heiwas fechou os olhos e trincou os dentes, tentando ignorar os gritos de Peregrin e Lazúli que estavam presos em uma rede. De repente ela sentiu uma forte vontade de vomitar e teve que morder a língua para que não despejasse seu café da manhã nos saltos caros da mulher e, claro, não perdesse a cabeça no movimento.

—Tudo que eu quero de você é que me diga onde o agente Treze está. Você sabe, não é um grande sacrifício —Ela sorriu como um gato, tirando as garras do seu cabelo branco —Até onde sei vocês acabaram de se conhecer e você não faz realmente o tipo de confiar nas pessoas, não é?

Ela andou em volta deles, rondando-a como um predador. Heiwas não se mexeu, porém seus olhos seguiram o movimento fluido da criminosa. Era como se tudo que ela fazia fosse algo pensado e calculado; como se nada fugisse de seu controle. Os olhos azuis metálicos estavam fixos nos dourados dela com uma intensidade que fez a menina querer sumir da vista. Heiwas nunca gostou de atenção. Ela preferia muito mais trabalhar nas sombras a estar sobre o sol, onde todos podiam vê-la. Agora, entretanto, ela era o próprio sol e aquela vilã parecia ser o Eclipse que ia apagá-la.

—O que estou querendo dizer é que você parece odiar pessoas tanto quanto eu —Ela riu, acariciando as bochechas redondas da menina. —Elas não entendem você. Não importa o quanto você tente, não importa o que você faça, elas sempre verão uma garota esquisita. Alguém tão incapaz que não consegue nem sorrir…

Ela parou na frente dela, procurando algo nos olhos âmbares da garota. A menina estava pálida e trêmula, embora, ainda assim, permanecesse teimosamente quieta. Sua expressão monótona tinha sido substituída por uma careta de dor, apesar de parecer mais que ela estivesse tentando segurar as palavras dentro da boca do que abafar os gritos de agonia. A agente 21 soltou o rosto da adolescente para aproximar a sua boca do ouvido da jovem: —Não. Acho que eu errei. Você não odeia as pessoas, você tem medo delas, não é mon chéri? Elas te assustam como nenhum pokémon consegue fazer.

Heiwas congelou, sentindo uma sensação estranha cutucar seu coração. Era verdade? Ela tinha medo de pessoas?

—E-eu… eu não… —Tentou negar aquela declaração estúpida, contudo nenhuma palavra saiu de sua cabeça. Como você pode refutar o irrefutável?

Antes que pudesse formar uma frase coerente uma memória tocou em sua mente, rodando como um filme diante de seus olhos. Respirou fundo, tentando afastar as imagens que se desdobravam diante de seus olhos, mas eram tantas e passavam tão ligeiras que ela simplesmente não tinha força para mandar aquilo embora.

Primeiro ela tinha quatro anos e estava montando um quebra cabeça que sua mãe havia lhe dado. Inteligente para sua idade, adorava coisas que se mostrasse como enigmas, chegando a passar horas e horas entretida com um único jogo. Ela se lembra de que havia alguém lhe chamando, cutucando insistentemente até que ela olhasse para ele. Ela nunca olhou e a figura pareceu se multiplicar, as vozes ficando mais altas. Então um par de pernas surgiu na sua frente e uma mão arrancou a peça de suas mãos, jogando-a longe. Heiwas só olhou, sem saber o que fazer, enquanto murmurava um som sentido. Alguém puxou seu cabelo com força e dois olhos ameaçadores fitaram os seus antes de tudo ficar escuro.

Depois ela tinha sete. Estava mais esperta, maior e, infelizmente, mais esquisita. A garota sentou-se rigidamente na cadeira, sentindo as mãos monstruosas de sua professora em seus braços. Estava apertado a ponto de doer, mas não o suficiente para ficarem marcas. A mulher gritava, chacoalhando a menina para frente e para trás como se fosse uma boneca de pano o que bem que poderia ser verdade quando não havia reação nenhuma da criança além do constante contrair de dedos; a fraca tentativa de se agarrar a algo. Naquele tempo, ela se lembrava, não havia pokébola para apertar.

"Por que você não me ouvi, sua boneca idiota?! Por que não pode ser normal?!"

Heiwas ouviu a voz dela ecoar em seu cérebro mesmo depois que a imagem mudou para uma estrada. Era feita de terra batida com algumas pedras de calçamento fosse vista a alguns metros dali. Havia uma figura para na saída de Lakeside Town, de costa para ela era maior do que se lembrava. Os cabelos brancos brilhavam na luz do sol, seu casaco azul favorito aberto por causa do calor. A menina de doze anos levantou as mãos como se quisesse segurar o garoto mais velho, no entanto, antes que pudesse alcançá-lo, ele virou seu rosto, deixando bem a amostra os olhos amarelos. Costumavam ser quentes, mas agora eram frios e distantes —Você já me segurou por tempo o suficiente, Mellody. Eu não posso passar a minha vida preso nessa cidade. Isto é um adeus.


Essa memória doeu mais que as outras e Heiwas teve que piscar para afastar as lágrimas que se acumulavam em seus olhos. Apesar disso tudo sua mente parecia finalmente claro o suficiente. Uma estranho sentimento de mágoa, fúria e liberdade cravou-se em seu coração machucado.

—E-eu temo as coisas que me machucam —Sussurrou, com olhos turvos. A figura da mulher um borrão na sua frente.

—E Treze irá machucar você —Ela respondeu —Você não ver, criança? Ele já a abandonou. Ele te deixou pra morrer aqui, mas não precisa ser assim —Ela gesticulou para que o outro capanga e depois apontou para o Pidgey e o Wooper preso —Tudo que você precisa é nos dizer onde ele está.

Confusa, Heiwas franziu a testa e caiu contra o peito do Scyther, esperando ganhar alguns centímetros de distância das garras.

—Ele —Ela começou antes de parar para molhar os lábios. O movimento lhe lembrou o sorriso de Treze. De como as covinhas apareceram nos cantos de sua boca quando ele sorriu secretamente pra ela, lá na rota 5. Como os olhos castanhos eram calorosos, mesmo depois que ele a viu derrotar seu parceiro. Como se inclinava para o lado, deixando a cabeça pender apenas um pouco, assim como Blue faria quando encontrava algo interessante —Ele vai voltar.

—Não seja burra! Ele já abandonou o parceiro dele, porque também não te abandonaria?! Você é mesmo ingênua para pensar que ele voltaria? —Esbravejou, sacudindo a mão ameaçadoramente em sua direção —Heiwas havia visto tanto aquilo no decorrer de sua vida que nem piscou para o movimento —Ele é apenas um ladrão! Um traidor desprovido de honra e você vai me ajudar achá-lo ou então eu juro pra você que morrer não será o menor de seus problemas!

E talvez fosse loucura acreditar que ele voltaria. Que alguém, uma pessoa, que ela acabou de conhecer voltaria para ajudá-la ao invés de salvar sua própria pele. No entanto a mulher na frente dela estava certa. As pessoas a assustavam com suas regras sociais e os sentidos ocultos em suas frases. Nada era direto ou simples, apenas um monte de coisas que querem dizer outras coisas em um nó de confusão chamado comunicação. Heiwas era incompreendida na maior parte do tempo e esquecida no resto, porém ao invés de lutar contra isso ela deixou-se ser arrastada pela maré e construiu uma barreira maior do que pensava. Uma barreira que só Blue havia furado.
Ela passou tanto tempo temendo as pessoas… Não, temendo se machucar novamente; que se esqueceu de que deveria lutar contra isso.

—Ele vai VOLTAR!

—Vamos ver se você vai continuar dizendo isso depois que eu terminar com você —A mulher falou cruelmente, acenando para que o capanga pegasse um dos pokémon.

Pidgey teve o azar de ser içado pelas mãos do humano, suas pernas preso entre as mãos do homem de preto enquanto era mantido de cabeça pra baixo. Peregrin assistiu como a mulher de vestido azul e cabelo preto estava cada vez mais próxima, separada a apenas algumas passadas de distância. Foi só quando a visão de sua treinadora apareceu diante de seus olhos que ele foi tomado por uma raiva terrível e avançou o bico nos dedos do homem.
O cara o soltou com um urro de dor e o pássaro não perdeu tempo em alçar voo e fugir dali, sumindo sobre as nuvens brancas.

—Você é imbecil! Tinha que pegar logo o que voa?! —A mulher rosnou para o idiota, se virando para a jovem presa.

Slap

A cabeça da garota é atirada para o lado com a força do golpe, mas nem esse tapa conseguiu tirar o sorriso crescente do rosto de Heiwas.

Ela cansou de fugir, então tudo que lhe restava era esperar e sorrir. Sim, não se esqueça de sorrir.

III - Ventos Cruzados  Original

O cheiro de álcool era tão forte que o garotinho de cabelos laranja conseguia sentir do banco de trás. Lá fora o céu chorava, derrubando gotas grossas de água contra o vidro da janela do sedan branco. Os olhos castanhos do menino permaneciam abertos e assustados, olhando para frente com um olhar assombrado, mesmo que há muito tivesse passado sua hora de dormir. Tudo bem. Ele não dormiria hoje, não com a sua mãe nesse estado.

—Eu odeio você! Odeio esses olhos! —Sua voz era alta e histérica e fez os pelos do pescoço do pequeno se arrepiar —Essa é sua culpa, moleque ingrato! Você acabou com a minha vida!

Ela não queria fazer isso: agarrar seus cabelos com a mão livre, segurá-lo duramente até que pensasse que sua cabeça fosse explodir. Ela não queria gritar e gritar até que ficasse rouca e as coisas parassem de fazer sentido. Ela não queria machucar seu filho até que a manhã chegasse e, então, ela começasse a fingir a ser a mãe que nunca quis ser. Ela não queria perder a buzina do caminhão e às brilhantes luzes de faróis que iluminavam a escuridão, arrastando-a de sua loucura. Ela nunca quis nada disso, a criança sabia... Ainda assim foi o que aconteceu.

—MÃE!


III - Ventos Cruzados  Original


—Nós devemos estar a salvos aqui —Treze respirou com as mãos apoiadas no joelho —Você está bem aí atrás, Floco de Neve?

Ele se virou para encarar a garota, exceto que não havia nada atrás. Nada além do caminho de areia batida e as árvores altas que compunha sua rota de fuga. Treze deu um passo para frente, lembrando-se muito bem que ele tinha passado por uma bifurcação antes de ter subido a colina. Naquele tempo ele tinha apenas pensado que a menina estava atrás dele, seguindo-o com o mesmo silêncio concentrado que ele tinha.

—A Wooper e o Pidgey devem tê-la seguida —Ele disse depois de um momento. O Shinx apenas olhou preocupado para o garoto de cabelos laranjas —Eu não entendo como perdemos ela!

—Shiii! —O gato falou girando no lugar e batendo as patas no chão em um hábito nervoso. Ele fez um movimento para voltar pela trilha que tinham usado, mas Treze o alcançou e o segurou no lugar.

—Espere! Nós não sabemos se ela está em perigo! —Argumento, ficando um pouco pálido —Quer dizer, ela pode ter feito apenas um desvio. Aposto que ela e os outros estão em segurança!

Quem ele estava enganando?
Há uns quarenta minutos atrás eles estavam sentados em um tronco esperando a morte chegar e então os gritos e grunhidos de pessoas alcançou seus ouvidos. Eles correram por puro instinto, a fadiga e o sol escaldante aplacando o ritmo da corrida. Não importava o quanto corressem o Team Eclipse sempre estaria há alguns metros atrás, perseguindo-os com a mesma paciência e perseverança de um cão de caça. Entretanto, neste momento, não se podia ouvir nada além da própria respiração trêmula de Treze. “Ela deve ter chamado a atenção deles. A maldita fez isso de propósito!

—Droga! Droga! Merda! —Treze estava xingando e empurrando o cabelo para trás com frustração.

Ele pensou no que podia fazer. De onde estava ele podia ver que a rota acabava mais a frente. Ele poderia fugir e despistar o Team Eclipse, talvez se fosse rápido o suficiente poderia alcançar a cidade em quatro ou três dias. Treze passou sua vida fugindo, ele nunca tinha lutado por ninguém e contra ninguém. Não havia razão para isso, as pessoas sempre iriam esperar o pior de você mesmo.


—Pidg! —Um grito familiar ecoou pelo ambiente. O bater de asas soando com intensidade na sua cabeça.

—Shin!
—Ahhhh! —Gritou, chutando uma árvore —DROGA!!


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—M-mãe?

A voz do menino estava quebrada e rachada, trêmula de medo.
Sua mãe havia desviado no último minuto, o carro derrapou e saiu da pista, parando só quando bateu contra o tronco de uma árvore. Como a criança estava de cinto ela não sofreu mais que algumas escoriações e cortes. Infelizmente o mesmo não podia ser dito da mulher sangrando no volante.

O corpo menor se aproximou do corpo inerte, os olhos brilhando na luz fraca dos faróis. A porta tinha sido arrancada e o para brisa estava amassado completamente com cacos de vidros atirados dentro do carro.

—A-a-ajude… —A cabeça dela se moveu lentamente, virando apenas um pouco para olhar para os olhos castanhos do garoto. Tinha muito sangue. Sangue demais que deixou a criança assustada e enjoada

—E-e-eu

Antes que percebesse, ele já tinha se afastado com passos rápidos.

—V-volte!

A voz esganiçada da sua mãe foi a última coisa que ele ouviu quando se jogou na escuridão e fugiu, deixando para trás tudo que conhecia. Depois disso Treze nunca parou de correr...

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Post para o Desafio E-eu? Eu tenho medo
Ps: Fiz o melhor que pude XD
Treze ainda não tem ficha de personagem então, infelizmente, você ai não vai encontrar nada sobre ele nos extras^^ (caso eu tenha postado então desconsidere esse aviso:D
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Mensagem por Sammy Qui Ago 01, 2019 1:49 pm

Atualização
Heiwas
Vejo que você captou a essência do Desafio, eu queria e planejava ler uma Aventura sentimental como esta. Você trilhou o tarefa com sucesso, fez com maestria o que era pedido e deu um show de narração. Algo que era esperado, mas não com um resultado tão bom. Heiwas finalmente está amadurecendo, as vezes é bom forçar o lado heroico dos nossos Personagens. Finalmente a guria teve a atenção que devia, sua personalidade foi finalmente afetada diretamente dentro de uma aventura. Ela passou por poucas e boas, mas só agora que está fluindo como uma verdadeira Treinadora Pokémon. Espero que nossa aventureira cresça de forma lenta mas satisfatória, nos mostre o potencial dessa garota e não esconda uma vírgula se quer.

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Mensagem por Heiwas Sex Ago 09, 2019 9:09 am

Por favor leia o post anterior para que esse faça mais sentido :D

Aquilo que Escolhemos Esquecer (Parte II)




O sol estava começando a se pôr se a luz arroxeada que beijou sua pele pálida era algo para pensar. A adolescente fechou um dos olhos para não se deixar cegar por um feixe de luz intrometido e respirou profundamente até que ouviu os ossos da coluna estalar.

—Estou perdendo a paciência! Você faz ideia de quanto tempo estamos nesse joguinho?! —A mulher perguntou com frustração.

—Vinte a vinte cinco minutos —Heiwas respondeu sem um segundo de hesitação —Talvez mais, talvez menos. É só uma aproximação…

Slap

A garota sentiu o gosto metálico de sangue na boca; com certeza deve ter mordido a língua quando a mulher bateu nela. A pesquisadora se perguntou quando suas bochechas vão perder a sensibilidade se a agente Vinte-um continuar descontando sua frustração nela. Ela aposta que em quinze minutos.

—Está ficando escuro, garota. Seu tempo está acabando —A Eclipse rosnou, puxando os cabelos da menina de novo.

—Não sou eu que estou desesperada —Respondeu calmamente, inclinando-se contra o peito do Scyther para afastar o pescoço das garras afiadas.

—Se você não vai entregar o bandidinho, então vou ter que ficar com você —Um sorriso louco estampou seu rosto quando ela a soltou e andou em direção ao outro grunt. Parceiro? Ajudante? Heiwas não sabia, já que o homem não era lá memorável —Então aí nós vamos ver quem vai estar desesperada. Sorte minha que você seja mais bonita que ele…

—Você deve estar precisando de óculos!

Uma voz alta soou e ambos os criminosos se viraram na direção do som. Eles mal tinham ouvido a aproximação do garoto que agora se colocava um pouco atrás deles com os braços cruzados e o peito estufado. A pouca luz do sol só deixava o cabelo ainda mais laranja e jogava uma sombra escura nos olhos castanhos. Um sorriso de desdém enfeitava os lábios do garoto que se aproximou lentamente.

—Eu sou a beldade em pessoa. Basta olhar para mim!

—Eu prefiro olhar paras suas entranhas! —A mulher de cabelos pretos não perdeu tempo com mais enrolação e puxou duas pokébolas de seu cinto, deixando uma língua rosa lamber os lábios rachados.

—Assim você me magoa —Treze riu com o olhar fulminante que lhe foi atirado, embora suas mãos estivessem apertando a curva do cotovelo com tanta força que ele tinha certeza que deixaria marcas —Você deveria aprender, 21. Nunca se dar as costas para um inimigo…

Na mesma hora que estava terminando de falar um Shinx saltou da grama alta e soltou um rosnado estrondoso e assustador. Scyther tremeu com o Roar e se atrapalhou com seus pés, o que deu a menina a chance de deslizar do aperto das garras do tipo inseto e correr na direção da Wooper. Ela a liberou da rede com facilidade e se virou para seus adversários, observando em silêncio como a agente liberava dois pokémon: um dark e outro poison. As coisas estavam indo pra ficar difícil!

—Pegue ela, meus amores! Faça os gritar por misericórdia!

A Seviper deslizou ao redor da mulher antes de avançar com velocidade contra a outra treinadora que saltou no último minuto para cima, escapando das presas da cobra por alguns centímetros, e deu um flip para a direita. Suas pernas fizeram um ângulo de noventa graus perfeito antes de pousarem no chão com um movimento desajeitado. “Eu sabia que deveria aprender a aterrissar antes de pular!”

Seus pensamentos foram jogados pela janela quando uma hiena apareceu atrás dela, as presas brilhando na luz do sol poente. Heiwas subiu o braço na tentativa de evitar a mordida quando uma sombra foi jogada, momentaneamente, sobre seu rosto e o zunido do vento precedeu o barulho de ossos chacoalhando. Slam esmagou a cabeça no chão com precisão, Wooper sorrindo seu sorriso estúpido que mal chegava às duas bolinhas pretas que eram seus olhos. “Oh, ela parecia irritada”.

—Onde foi que você aprendeu a pular desse jeito? —O Umbreon de Treze era algo que Heiwas nunca havia visto. Pelos negros e lustrosos, argolas azuis brilhantes e um par de olhos vazios. Literalmente.

—Blue me ensinou. Aparentemente eu sou do tipo covarde, então tenho que saber fugir adequadamente —Ela respondeu com o rosto em branco, balançando em seus calcanhares, olhando freneticamente de um lado para o outro, embora um alívio piscasse em seus olhos dourados —Pelo menos foi o que ele disse.

Treze sorriu nervosamente para ela e puxou seu casaco com força. Os joelhos não se dobraram, mas ela caiu com as mãos na frente, aparando a sua queda ao mesmo tempo em que a navalha do Scyther cortou o espaço em que estava —É melhor que esse tal de Blue saiba do está falando e que você seja covarde o suficiente para fugir!

—O Blue é um idiota —Ela soltou deixou-se sorrir. Era pequeno, curto e frágil, contudo ainda fosse um sorriso. Treze não sabia que ela poderia sorrir assim. Algo dentro dele pareceu crescer com a visão —Mas eu não vou deixá-lo!

O “Eu também” ficou preso na garganta do menino. Ele parou e olhou para a garota que havia se levantado e recuado alguns passos, sua postura tão tensa quanto à corda de um violino prestes a arrebentar. Como não teve coragem de responder com aquela frase em particular, resolveu preencher o silêncio da única forma que conhecia: zombaria —Heh? Quem diabos fala “deixá-lo” hoje em dia?

—Eu falo —Respondeu monotonamente. O garoto franziu a testa e já ia reclamar de novo quando um suspiro alto chamou a atenção deles.

—Sua tagarelice me incomoda. Acho que vou ter que calá-los eu mesmo! —A mulher falou, apontando para eles —Seviper ataque!

—Lazúli!

Ansiosa para provar sua presa à cobra meio preta meio verde lambeu (Lick) a cabeça redonda e viscosa da Wooper, provando lama e água do rio, apesar de haver algo estranhamente doce na composição. A ground e water type tremeu sobre a língua bifurcada e a pesquisadora poderia pensar que ela estava paralisada se não fosse pelo pokémon menor estufando as bochechas e cuspindo um conjunto de bolas de lama bem no rosto do tipo venenoso. Mud-Shot, entretanto, não foi o suficiente para impedir que a serpente quisesse provar mais dela.

—Thunder Shock!

O raio azul passou com um silvo do lado da cabeça da adolescente que nem piscou. Shinx gritou quando viu o ataque atingir em cheio a Seviper que tinha em suas mandíbulas a cabeça da Wooper, ainda aproveitando seu Bite. A coisa faminta agonizou de dor e soltou Lazúli que, por causa de sua combinação de tipos, era imune a eletricidade.

—Você pode lutar?
—Ei! Só porque Kuro é cego não significa que não pode lutar! —Treze parecia determinado e se afastou com passos rápidos e furiosos em direção ao Scyther e ao outro Eclipse —Apenas fique viva até eu voltar!

—Umbrer! —Umbreon gritou com as orelhas se movendo loucamente no topo de sua cabeça. Pareciam antenas, captando qualquer e todo o som à volta, fazendo-o se mover como se dançasse uma melodia que só ele podia ouvir.

A menina rasgou os olhos da cena bizarra e concentrou-se na mulher que tinha um olhar malicioso. Ela sorriu com todos os dentes para a mais nova e colocou as mãos na cintura em uma postura desleixada e divertida.

—Oh, eu vou adorar brincar com você! Mightyena, Fire Fang! Seviper ataque com Venoshock!

—Eu não confio nela —Heiwas sussurrou para a ave em seus ombros —Ela não luta por orgulho e é focada. Mantenha Treze longe de problemas!

Enquanto conversava com o Pidgey a batalha aflorava à sua volta. Seviper deslizava para frente, mas logo era barrada pelo Shinx com um olhar feroz. Os olhos parecia ouro derretido, incendiados de fúria, ao passo que as pequenas presas estavam bem a amostras, o que fez com que os pokémon maiores ficassem um pouco intimidados (Intimidate), contudo não recuassem.
A hiena foi a primeira a atacar, investindo com os dentes em chamas, pronto para abocanhar seus inimigos. Wooper tremeu no lugar, tendo tempo o suficiente para imaginar como seria estar sob aquelas presas e sentir o ardor de uma queimadura daquelas chamas.

—Não tenha medo, Lazúli! Contra ataque com Slam! —Chamou a menina, a voz apenas um timbre mais alto que a normal —Solum, Spark!

Shinx não perdeu tempo e deixou a energia se acumular envolta dele. Ao invés de lançá-la para todos os lados como normalmente faria, deixou que ela tomasse seu corpo ao mesmo tempo em que corria contra a cobra que estava com a boca aberta com uma luz roxa deslizando entre os dentes. Ele se jogou nela com Spark no exato momento que um jato de veneno roxo o atingiu. A eletricidade que o protegia espalhou o veneno para os lados, os tons azuis claros brilhando em um roxo mais escuro em uma bela demonstração de luz e poder. Com um grito ele atingiu a cobra que sibilou…
Do outro lado a Wooper tentava manter a calma quando o grande canino saltou para agarrá-la. Recebendo um grito de aviso de sua treinadora ela saltou e deu uma cambalhota, antes de golpear a cabeça do tipo dark, como havia feito anteriormente. Ela pousou do outro lado dele, sorrindo como sempre.

—Agarre ele Seviper! Mightyena, Roar!

Vinte-um não era idiota. Apesar de novata aquela Wooper tinha agilidade e reflexos bons o suficiente para um pokémon do tamanho do seu dark type pegá-la, principalmente porque a maioria de seus ataques eram físicos. Sendo assim mandá-la para fora era o melhor a se fazer e foi isso que seu pokémon fez ao dar um grande ganido que fez tipo solo embranquecer de medo.
Aos seus olhos ela conseguia ver todas as linhas de raiva do cão. O jeito como os dentes, como a língua, aparecia. Como a cabeça se abaixava para dar sombrear os olhos vermelhos. Era quase como se Mightyena tivesse se transformado em uma criatura vinda do inferno, um monstro que iria mastigá-la como um brinquedo de borracha e… E aquilo não era divertido. Aquilo não tinha mais graça!

—Per! —Ela gritou, correndo para trás das pernas da menina.

Por outro lado a cobra venenosa se recuperou do choque e agarrou o gato azul em um abraço de morte, envolvendo-o com o Wrap.

Mightyena se aproximou com um rosnado alto da adolescente, no entanto ele não foi muito longe quando algo o acertou no pescoço, jogando-o no chão.

—Belo Quick Attack, Peregrin! —O pássaro acenou para o comprimento dela e circulou seu adversário —Não o deixe muito perto. Sol, Carregar!

Shinx respirou, engolindo o aperto cada vez mais forte da dona cobra, e começou a armazenar energia em suas orelhas e anéis amarelos. Ignorando o Charge em andamento a cobra apenas se divertiu em sufocar o felino, sorrindo com os grunhidos de dor.
Mightyena, contudo, estava tendo muita dificuldade em pegar o pequeno pássaro. Com o Keen Eye e uma velocidade incomum, o Pidgey era mais rápido que um rato e mais esguio que, bem, uma cobra. Ele escapou do Thunder Fang não só uma, mas duas vezes e ainda achou uma boa brecha para atacar com um Tackle. Heiwas sabia que eles não poderiam fazer isso para sempre.

—Thunder Shock! Twister!

Pidgey pairou no ar e bateu suas asas. Um redemoinho com uma espécie de luz azul dentro surgiu na frente do pequeno corpo e engolfou o cão dentro, capturando-o naquela ventania caótica. O tipo dark paralisou, confuso ou preso —Peregrin não sabia ao certo qual dos dois, porém ele não deu sinal de romper do ciclone.

—Shinx! —Finalmente carregado o Shinx gritou, explodindo em um raio azul. Seviper sibilou e grunhiu largando o tipo elétrico e caindo desmaiada no chão.

—Quick Attack!

Mightyena seguiu o exemplo quando saiu do Twister só para ser atacado pelo pardal, que mergulhou com velocidade e atingiu com a cabeça bem entre os olhos do cão, que foi jogado para trás com tanta força que quase atingiu a mulher.

—Acabou… —Heiwas sussurrou ao tirar a pokébola de seu chaveiro e encarar o botão branco da esfera —Saia!

A voz da adolescente era plana como sempre. Não dava nem um sinal de raiva ou desconforto, porém seus olhos contava uma história totalmente diferente. Estavam meio vidrados, nublados com algum sentimento que Vinte-um não conseguiu identificar, embora ela tivesse certeza que estava entre dor e confusão. Os orbes dourados como estrelas cintilavam com o último feixe de luz solar, já que o sol estava terminando de sumir no poente. A grunt do Team Eclipse não podia negar mesmo se quisesse a estranha beleza daquela garota.

—Oh não, mon chéri! Acho que você entendeu errado —Ela respondeu com um sorriso no rosto, inclinando a cabeça para o lado —É melhor você sair daqui antes que eu faça algo do qual tenho certeza que não vou me arrepender.

Heiwas desviou o olhar e não se mexeu. Ela não estava nem um pouco animada para dar a vitória para aquela louca. Aparentemente, não era escolha dela quando Treze apareceu do nada e a agarrou pela manga, puxando-a com ele.

—Você não ficará longe de mim por muito tempo, querida! Eu prometo!

A voz melódica da agente foi à última coisa que a menina ouviu antes deles sumirem na escuridão da floresta...

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Mensagem por Aegir Sex Ago 09, 2019 6:38 pm

Atualização
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Está mais do que claro que você cumpriu o desafio corretamente. Trouxe novamente uma narrativa bem construída, embora as motivações dos personagens tenha sido um pouco defasada, não foi um problema tão grande assim. A batalha foi empolgante, abusou de mecanismos que integrasse todos os seus pokémon sem forçar abusos, sabe? Eu gostei disso, dessa simplicidade e sabedoria.

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Mensagem por Heiwas Qui Ago 15, 2019 5:32 pm

As Pegadas que Deixamos



A noite tinha se erguido em um manto de escuridão cujas linhas de costuras brilhavam e reluziam em grandes constelações. Estrelas que piscavam tímidas, sempre presentes, mas, também, nunca existindo. Heiwas segurou a pokébola perto do peito e enquanto se perguntava se toda existência era tão finita e vulnerável quanto à luz de uma estrela.

Como o céu não lhe deu uma resposta satisfatória, então ela direcionou sua atenção para o fogo que queimava com entusiasmo na fogueira que Treze havia montado. E falando em Treze, ele estava deitado no saco de dormir extra que Heiwas sempre carregava como um hábito de viagem —um hábito bem útil se os roncos do garoto significava algo. De costa para a chama sibilante, o menino se enrolava em torno de si mesmo em uma bola bem apertada, enquanto seu companheiro, um Umbreon shiny, dormia tranquilamente aos seus pés. A visão apenas ajudou a lembrar a Heiwas de seu próprio pokémon que assistia ao mesmo céu que ela, sentado no tecido grosso de seu saco de dormir.

—Não consegue dormir, Sol?

O Shinx não respondeu, o que não foi uma surpresa. Às vezes ele fazia isso, ficava quieto e pensativo, como se quisesse compreender a razão por trás da vida. Ele era como ela nesse aspecto: gostava de observar as coisas para depois organizá-las de maneira correta, julgando mentalmente todos os eventos passados e todas as coisas que viram. Então ela respirou e deixou-se vagar por seus pensamentos, experimentando de novo e de novo todos os acontecimentos dos últimos dois dias —desde a captura de Peregrin até o encontro com Treze e a luta contra a estranha agente do Team Eclipse. Ela viu e viveu suas fraquezas e meditou até onde poderia chegar desse jeito. Se era forte o suficiente para isso?

Cansada e com as costas queimando de dor, correu os olhos pela grama alta antes de fixar os olhos no felino azul. As orelhas do gato estavam em pé e sua cauda em forma de estrela balançava de um lado para o outro, preguiçosamente. Os olhos eram duas lâmpadas amarelas no meio da escuridão, calorosas, quentes, iluminavam muito mais que qualquer corpo celeste que aquele céu tinha a oferecer.

—Você está certo, Sol. Não há nada para fazer na escuridão.

Assim a menina saiu da pedra em que estivera sentada na última hora, deixando para trás todas as incertezas e medos que permeava a sua mente, e foi se deitar ao lado de seu fiel companheiro. Não foi até quinze minutos depois que ela sucumbiu ao cansaço e deixou-se ser arrastada para um sono sem sonhos.
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Foi um rosnado que despertou Heiwas.

Com o cabelo assanhado em um ninho de rato perpétuo e olheiras de sono embaixo dos olhos, Heiwas virou-se para o outro humano; assustada. Umbreon continuava a rosnar, jogando a cabeça de um lado para o outro com as presas a amostra; olhos vazios olhando para tudo sem, contudo, ver nada.

—O que há com ele? —A pesquisadora perguntou, virando a cabeça para ter uma melhor visão do tipo dark. Shinx apenas continuou a dormir em meio a todo o caos que estava acontecendo —Será que ele viu algo?

Treze lhe lançou um olhar sujo antes de passar as mãos pelo pelo negro a fim de acalmar o pokémon cego. Franzindo a testa e com os lábios entre os dentes, o garoto de cabelos laranja era o epítome do nervosismo, principalmente porque ele estava olhando de um lado para o outro, como se a qualquer momento um conjunto de ninjas assassinos fosse saltar da grama alta e atacá-los. Heiwas poderia dizer que aquilo não era nada além de um pesadelo, mas até ela poderia ver que algo estava errado e olha que a menina mal conseguia lembrar seu próprio nome em seu estado semi sono.

—Não sei, Kuro nunca foi de se alarmar por nada —Disse, ficando de pé. O Umbreon esfregou a cabeça em uma de suas pernas e, finalmente, se aquietou.

—Uma razão — A adolescente ergue um dedo para pontuar suas palavras. "Tem que haver uma razão" era o que a jovem queria dizer quando notou que a grama perto do lugar onde Treze dormia estava amassada.

Se levantando muito devagar, e com extrema preguiça, ela se arrastou para perto do menino, os olhos fixos nas marcas enigmáticas sobre seus pés.

Havia um par de pegadas, que com toda a certeza não eram os riscos das solas dos sapatos e as pegadas de seus dois pokémon, que seguiam em uma trilha, dando voltas e voltas ao redor do saco de dormir do outro adolescente, na direção das planícies. O pokémon que as possuía era bípede, pois havia um espaço curto a cada duas delas, e também tinham dois dedos com longas unhas? Não. Eram garras, porque se podia ver o ponto em que se curvavam e furavam o chão de areia. O pokémon que havia deixado esses rastros era bípede, tinha garras —um predador adicionou mentalmente — e pisava com leveza, já que as pegadas mal deixavam marcas na areia.

—Do tipo furtivo —Heiwas sussurrou após cinco minutos olhando para as evidências —Mas desleixado, já que Kuro o ouviu.

—O que você está murmurando aí? De todos os pokémon que conheci Kuro é o que tem a melhor audição! —Era inegável o orgulho do ex-criminoso no seu pokémon.

A adulta parou e colocou uma das mãos em sua cabeça, tentando arrumar seu cabelo ao mesmo tempo em que pensava no que Treze tinha dito. Kuro certamente deveria ter desenvolvido os outros sentidos desde que ele nasceu cego, embora o quanto fosse à pergunta? Será que sua audição era realmente boa para pegar um ladrão em plena atividade ou o pokémon que estivera se esgueirando por ali era, realmente, desleixado?

—Vamos…

—Peraí! Onde diabos nós vamos?!

—Preciso confirmar algo…

—Não foi isso que perguntei —O garoto suspirou alto, massageando os dedos nos lados da cabeça para espantar a dor de cabeça que estava começando a se formar —Tudo bem. E por que eu deveria ir junto? Quer dizer, eu não sei nem seu nome!

—Você não deveria —Respondeu com a voz rouca de sono; seu tom calmo e monótono, como sempre. A menina se afastou a passos lentos e firmes, pronta para juntar suas coisas e iniciar sua caçada —Você não deveria, mas você me deve um favor…

—Como assim eu te devo um favor?! Eu salvei sua vida!

No entanto Heiwas não estava mais escutando, imersa em alguma teoria maluca que assolava sua mente. Treze ficou parado por exatamente trinta antes de xingar alto e ir recolher suas coisas. Uma coisa era certa: era bom que aquilo valesse a pena ou não seria com um ladrão noturno que a pesquisadora teria que se preocupar!
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Era difícil seguir o rastro nas planícies. A grama alta escondia a trilha de pegadas e não eram poucas as vezes que quase enganou os dois treinadores ao indicar outros sinais de pisadas deixados por outros pokémon. Apesar de pouco paciente e começando a se irritar com o calor das dez horas, a mulher perseverou. A jovem estava com altas doses de curiosidade em suas veias e ela não desistiria agora que estava tão perto de resolver esse mistério.

A provação se mostrou recompensadora quando um bando de Deerling apareceu em seu campo de visão. Saltitando da floresta que cercava a planície em um meio abraço, do lado direito, formando uma meia lua incompleta; o bando se moveu lentamente, não notando o par de humanos.
Treze levou a mão até a pokébola de Kuro, no entanto parou antes que pudesse pegá-la, como se pensasse duas vezes antes de chamar o Umbreon. Heiwas estranhou a ação, entretanto ignorou o acompanhante em favor de observar os cervos.

—Uma manada de Sawsbuck —Sussurrou, agachando-se para sair da vista dos nobres pokémon —Normalmente o número de Sawsbuck são inferiores ao de Deerling, da vez que os machos se retiram de seu bando quando evoluem ou desafiam o macho alfa em uma batalha pelo controle da manada. Pelo menos foi o que eu li.

—Sim, sim, muito interessante, mas acho que não é para lá que você deveria estar olhando.

Treze puxou duramente a manga da blusa branca da amiga e apontou para o lado esquerdo dele, onde uma sombra se movia no mato alto. Se fosse um predador típico de planícies a cor não se destacaria tanto quanto o azul esverdeado e nem ele teria dificuldade para avançar na grama alta, mas aqui estava ele: um Sneasel solitário caçando uma bando de Deerlings com o Sawsbuck mais assustador que Heiwas já viu —porque agora ela tinha percebido o conjunto de cicatrizes no dorso da rena e as marcas em vermelho em seu casaco ainda primaveril (já que a neve ainda não havia começado a cair a mudança de primavera para inverno também não tinha acontecido).

—Essa não!
—Ei, o que foi?

Ela não respondeu. Em vez disso assistiu horrorizada quando viu o Sneasel iniciar uma corrida rápida e avançar com um rosnado contra um dos filhotes. O pokémon Alfa, líder do bando, reagiu se colocando entre ambos e chifrando a doninha com suas galhadas. O menor deles se esquivou para trás e mirou um Icy Wind, estufando o peito e preparando-se para soprar o vento frio…

—Peregrin, Twister!

Um redemoinho se forma das batidas furiosas da asa do pardal, um tom azul se misturando, fracamente, com as linhas de vento. Twister acerta ambos os pokémon, o vento arrancando as flores mortas das galhadas do cervo.
A Sneasel —Heiwas tinha quase certeza que era fêmea —, por outro lado, voltou suas pupilas dilatadas para a ave e rosnou, faminta. Baba escorreu de sua presa e ela se lançou com as garras brilhando em um tom metálico. Com um movimento horizontal raspou as garras no chão antes de tentar golpear o Pidgey que, agindo por instinto, se esquivou para cima, ascendendo ao céu com velocidade ao mesmo tempo em que o Alfa grunhia e avançava para cima da espécie típica de Jotho, pisoteando-a com seus cascos (Play Rough)

—Ele vai matá-la!

Peregrin fez um arco no ar e fechou as asas para diminuir a tração do vento em suas penas. Ele mergulhou como um torpedo, alvejando o pescoço do Sawsbuck com um Quick Attack bem apontado. O bicho rosnou, embora não parecesse muito afetado pelo ataque do tipo voador. Vinhas (Vine Whip) cresceram do anel de flores envolta de seu pescoço e se sacudiram na direção do pássaro, chicoteando o peito antes de se enrolar nas garras de Peregrin.

—Chame Kuro! —Heiwas rosnou —Solum é elétrico, Lazúli é água e terra. Peregrin precisa de apoio, mas eles estão em desvantagem.

—Eu não posso chamar o Kuro. Ele não vai lutar por mim —Treze estava de cabeça baixo, uma sombra cobria seus olhos. Heiwas não entendeu, mas não teve tempo de pensar quando Sneasel estava atacando o pássaro novamente.

—Contra ataque com Sand-Attack e Gust!

As garras brilharam em um tom branco e subiram para arranhar o pardal que começou a bater as asas na direção do solo, fazendo poeira subir e areia entrar nos olhos vermelhos da predadora, impedindo-a de continuar o Fury Swipes. Cega momentaneamente, a fêmea mal percebeu o tipo planta se aproximar e, com certeza, perdeu o brilho dourado, meio alaranjado, que permeava os chifres da criatura. Horn Leech golpeou as costas da pequena doninha e a atirou longe, fazendo-a rolar pela grama várias às vezes antes de parar perto de uma pedra.
Peregrin não deixou barato e utilizou o Gust, criando um tornado que engoliu o poderoso Alfa dentro. O vento girando e cortando o pelo marrom do pokémon “estação”. Sneasel, porém, foi a que teve a última palavra quando encheu o pulmão de ar e soprou um vento frio, gelo se aglomerando e cavando nas patas e asas de seus inimigos.

—Eu já o vi lutar uma vez, então porque não faria de novo?
—E porque diabos você está me perguntando isso? Eu que deveria te questionar sobre a burrice de puxar briga com eles! —Respondeu com outra pergunta, querendo, desesperadamente, tirar a atenção dele —São pokémon selvagem, deixe que se resolvam sozinho!

—Sneasel está ferida, no entanto está com muita fome para parar. Sawsbuck é um Pokémon Alfa e são conhecidos por serem agressivos, principalmente se o forem ameaçados. Ele vai estraçalhar ela!

E como se ouvisse a conversa o tipo grama e fada investiu com tudo contra a Sneasel, atirando todo o seu corpo contra o corpo menor. Essa, ao invés de recuar, recebeu o ataque com bravura e, além disso, cravou as garras no pescoço da rena. O Feint Attack deixou uma trilha de estrago e sangue logo começou a invadir o pelo marrom do maior.

—Essa é a sua chance!
—Pidg!
Pidgey aproveitou que os dois estavam presos juntos e criou um grande redemoinho. O Twister era maior e mais forte que os anteriores e engolfou ambos os adversários, puxando-os e empurrando-os fora de equilíbrio.

—Agora! —Pidgey ouviu a voz de sua treinadora e atendeu ao chamado, fechando a distância entre ele e Sawsbuck com um Tackle, porém o cervo estava preparado para o pássaro e segurou a investida com Horn Leech, fazendo seus chifres reluzir com puro poder.

O encontro dos dois ataque atirou os dois para trás. Toda a comoção estava deixando os selvagens mais agitados e Heiwas teve que cerrar os dentes para não gritar de frustração...

—Eu preciso de AJUDA! —Ela gritou, saltando para o lado quando o cervo veio em sua direção.

Treze fechou os punhos e tentou não olhar para cena, apesar de que sua hesitação não durou muito. Trinta segundos depois e ele estava correndo para o lado direito de sua amiga com uma pokébola na mão, um selo de uma chama azul brilhando na luz do sol.

—Venha me ajudar! Ember!

Mas o Growlithe que saiu da esfera não parecia está disposto a ajudar. Havia uma fúria contida em suas ações e uma chama que, alimentada por raiva, crescia em seu interior, crescendo rapidamente e escalando a sua garganta. Uma tensão se instalou em seu peito e ele respirou profundamente antes de cuspir uma rajada de fogo que atingiu tanto o Sneasel quanto o Swasbuck, perdendo por pouco o pássaro. Aquilo não era um Ember, era um Flamethrower.

—Você não consegue controlar o seu próprio pokémon?! —A garota resmungou, ombro a ombro com o parceiro de batalha. Shinx faiscou de descontentamento, escanchado no topo de sua cabeça.

—Quem disse que ele é meu?
—O-o-oque?
—Growlithe, você vai incendiar a maldita floresta assim?!

O cão não ligou e continuou a atacar com Flamethrower, acuando ambos os selvagens. Pidgey aproveitou a deixa bater as asas com força, produzindo um tornado de tamanho médio que, ao se misturar com o ataque de fogo, abraçava as fagulhas e chamas e prendia a pokémon do tipo gelo.

—Sneal!!!

Ela agonizou e gritou. Heiwas escolheu essa hora para sacar uma pokébola vazia e mirar na cabeça da doninha. Respirou uma, duas, três vezes antes de jogar a bola e atingir em cheio a forma maltrata da ice and dark type. A esfera se abriu e sugou o pokémon em uma luz prata, fechando-se momentos depois e caindo no chão com um baque suave.

—Peregrin, Quick Attack!

O pássaro levantou voo e mergulhou contra o inimigo, acertando o centro da cabeça da rena que tropeçou em seus pés e tombou para trás. O corpo musculoso caiu e uma tontura se abateu contra o Alfa. Heiwas sabia que a batalha tinha acabado, já que o cervo estava a dois passos de cair fora da consciência.

—Peregrin!
—Growlithe, pare!

Growlithe não parou o ataque. Seus dentes brilharam e seus músculos se tencionaram para colocar impulso em um salto....

—Deee!

O grito de fúria parou o cão em suas trilhas, fazendo as patas dianteiras cavar na areia. Um pouco de poeira subiu e o pardal disparou para entrar na frente do tipo fogo, abrindo as asas, como se quisesse erguer uma barreira entre ele e o servo que havia corrido de volta do seu bando para proteger seu líder.
O Deerling se mantinha orgulhosamente na frente do Sawsbuck, que parecia estar um pouco tonto, com a cabeça deitada na grama e as patas dobradas abaixo de si; olhando para os treinadores com fúria em seus olhos. O Pidgey encarou de volta com os olhos semifechados, estufando o peito para parecer maior. Heiwas observou a troca silenciosamente, uma mistura de sentimentos crescendo em seu peito enquanto que o menino de cabelo laranja retornava o seu pokémon desobediente.

—Você roubou mesmo um pokémon? —Heiwas fez uma careta e se virou para o (ex) ladrão.

Treze soou e colocou as mãos no bolso, ficando, repentinamente, muito tímido para falar. De toda forma não havia para onde correr: Heiwas tinha solucionado um mistério apenas para ser substituído por outro. Tudo bem, ela tinha determinação e curiosidade o suficiente para resolver.

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Mensagem por Aegir Qui Ago 15, 2019 6:28 pm

Atualização
Heiwas
Volto a dizer que sua narrativa é uma das que mais gosto no forum, real. O modo como você interpreta a Heiwas é singular, traz veracidade e contempla todas as características dela. Seu post, como sempre, muito bem construído e balanceado em seus momentos. O receio com a mudança sutil na narrativa do combate é irrelevante aqui, pra mim foi bem claro: Sneasel X Sawsbuck X Pidgey, um exímio battle royale. Uma coisa que me dá emoção é quando você traz esses aspectos de amadorismo à pesquisa, ressalta o interesse da Heiwas pelo ofício e nos convida a acompanhar o seu desenvolvimento dentro disso. É maravilhoso!

OBS: Como a Pokéball só captura pokés até o Lv 20, tomei a liberdade de gastar a sua Great Ball para não correr o risco de invalidez. A propósito... recomendo que inicie uma prova de valor o quanto antes!

PRÊMIO
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Mensagem por Heiwas Ter Ago 20, 2019 3:09 pm

Para Onde Não Podemos Seguir



O silêncio se instalou quando seus pés tocaram o chão de cerâmica do Centro Pokémon. O lugar era menor do que normalmente seria, embora a estrutura fosse a mesma do de Lakeside Town. Havia o balcão que ficava de frente para a entrada, onde uma mulher de cabelo rosa e, surpreendentemente, curto se debruçava sobre a madeira, lançando um olhar preguiçoso para a tela do computador em cima do móvel. Também havia algumas cadeiras de plástico jogadas nos cantos da sala e duas portas fechadas repousavam nas extremidades de trás, uma à direita e outra à esquerda. O Centro Pokémon da rota quatro tinha o mesmo ar caipira e entediante que a grama alta que o rodeava. Heiwas, aprendendo a fineza do tato, não disse isso em voz alta e aproximou-se do balcão com passos lentos e cautelosos.

—U-ummmm... ummm —Ela parou na frente da Enfermeira e dobrou os braços, olhando para o teto que em algumas partes estava furado ou descascado. A lâmpada de led era velha e sujeira se apegava ao prato —E-eu queria. Quer dize-r-r , eu que-ria…

Droga! Ela tinha se esquecido como era difícil falar com pessoas comuns depois de só ter encontrado loucos em sua viagem. A mulher levantou uma sobrancelha pra ela e se endireitou, de repente muito interessada nos dois viajantes parados à sua frente. E falando em dois, Treze estava vermelho de vergonha enquanto assistia o vexame de sua acompanhante. Com um "Face Palm" que deixou a marca dos dedos e um suspiro audível, ele cutucou a menina de lado e tomou à dianteira:

—O que minha, hum, amiga está tentando dizer é que queríamos curar nossos pokémon —Ele disse, tirando duas pokébolas do bolso —Se não for muito incómodo?

—De jeito nenhum! —A moça foi rápida a cumprir. Ela tinha olhos castanhos suaves, mas o cabelo cortado com navalha e o sorriso fino dava um ar travesso a sua figura —Essa rota é parada demais para o meu gosto. Eu queria que mais coisas interessantes como vocês aparecessem de vez em quando.

—V-você nos acha interessante? —Perguntou a menina para a luz de led, o balanço se acalmando em um tremor.

—Comuns vocês certamente não são —A de rosa riu, levantando os olhos da tela do computador para ver a garota baixar seus grossos óculos escuros sobre os olhos —Preciso fazer atualização de seu cadastro. Diga seus nomes.

—Heiwas.
—Treze.

Agora isso fez o dia da enfermeira que desatou a rir ao ouvir a voz dos dois em sincronia. Era quase como se tivessem ensaiado isso! —Que tipo de nome são esses?!

—São nossos nomes. Não há nada de errado com…

—Ele é um criminoso e eu estou fugindo de casa. Nossos nomes são só apelidos para nos esconder da polícia —Responde Heiwas. Como ela usava seus óculos a enfermeira não conseguia ver para onde estava olhando. Pelo menos não era mais para o teto.

—Ei! Eu não sou um criminoso!

—Você roubou um Growlithe!

—Eu peguei emprestado sem aviso prévio! Isso é diferente!

—... Você tem razão. Você não roubou —Disse seriamente —Você surrupiou!

—Você não tem direito de falar assim, Floco de Neve! —Ele grunhiu, apertando ambas as pokébolas que tinha tirado a momentos atrás —Você não me conhece e você não sabe o que aconteceu!

—Por que você não me diz?! —Heiwas gritou, ficando agitada enquanto suas mãos buscavam seu chaveiro. Shinx faiscou aos seus pés —Você ficou calado desde a nossa batalha contra o Sawsbuck! Você está fugindo do assunto como se fosse resolvê-lo!

—E você não está?!

O silêncio se seguiu, a tensão crescendo. Um rubor de raiva preenchia as bochechas pálidas da menina que torcia seus dedos e bagunçava seu cabelo como um sinal claro de estresse. Joy, esse não era realmente o nome dela, assistiu com o mesmo interesse que alguém assiste a uma novela mexicana. Treze se admirava que ela não tivesse ido fazer pipoca para curtir melhor a cena que estavam fazendo.
Ignorando a irritação, a vergonha e a culpa que estava se amontoando em seu coração, voltou à atenção para a mulher mais velha e já ia pedindo que recuperasse logo seus pokémon quando alguém entrou gritando no centro.

Heiwas saltou de susto e Solum se arrepiou, pulando para proteger sua humana. No entanto não havia ameaça nenhuma, só um homem de cabelos castanhos, expressão furiosa e que carregava um Deerling desacordado nos braços.

—Lidiah! —O jovem chamou, correndo até a moça que o encontrou na metade do caminho.

—Ele está com queimaduras de primeiro grau e inalou muita fumaça —Falou, a voz firme e determinada —Audy, leve para a sala de emergência e prepare o suplemento de oxigênio a 100%!

Treze nem ao menos notou o Audino que veio correndo pela porta direita, aquela que fica na parte de trás, trazendo uma maca de metal onde o cervo foi colocado. O tipo planta respirava com muita dificuldade, tanta que o garoto pensou que já havia morrido. Heiwas, em um movimento instintivo, esticou o braço e agarrou o pelo do dorso do filhote. Ela ficou alguns segundos o olhando fixamente antes do pokémon ajudante levar a maca de volta com ele.

—O que aconteceu, Meverick? —Lidiah perguntou, tirando a saia do vestido para revelar uma calça branca.

—Eles voltaram!

E com essa frase o homem com barba por fazer deu meia volta e sumiu pela porta automática. A enfermeira encarou os dois adolescentes uma última vez e com um grito de "Fiquem aqui" foi atrás do amigo.
Treze olhou para Heiwas com uma pergunta por fazer. Ele não sabia se deveriam ir e muito menos se a pesquisadora queria algo com ele depois de descobrir que havia roubado um pokémon. Merda! Ele até sabia que tinha ido longe demais na sua discussão.

—Nós não vamos ficar aqui, vamos? —Heiwas disse, cabeça virada para frente. Ela balançava em seus pés e rangia os dentes. Não foi uma pergunta, foi uma declaração, o que fez o menino de cabelo laranja se perguntar se a pesquisadora, além de teimosa e frustrante, também sabia ler mentes.

—Pensei que você nunca fosse perguntar.

III - Ventos Cruzados  Original


Eles avançaram com dificuldade, seguindo o rastro de destruição deixado pelo fogo. Era tarde, mas o céu estava fechado com grossas nuvens negras. Por um momento Heiwas imaginou serem nuvens de fumaça, mas sua razão e o vento frio que chicoteava sua pele a fez perceber que uma tempestade estava prestes a começar. Não era o ideal, na verdade tornava tudo ainda mais perigoso, contudo é o que eles tinham e uma chuva com certeza ajudaria a acabar com o incêndio que começou nas planícies e tomou a floresta como morada.

—Não vai dar certo! —A garota gritou para ser ouvida por cima do pano amarrado em sua boca, improvisando uma balaclava.

Treze parou ao seu lado, tentado a segurá-la para que não fosse derrubada pela tempestade de vento. Sua ideia foi jogada pela janela quando a outra se virou para olhá-lo, os óculos escondendo sua expressão.

—O que vamos fazer?!

Sua companheira não respondeu quando tirou da bolsa um objeto. Era uma espécie de controle remoto com a cabeça arredondada e uma tela de touchscreen ao invés de botões. Heiwas puxou a parte de cima, que deslizou suavemente, dando lugar a um buraco do tamanho de uma pokébola. A coisa toda era azul com uns detalhes em vermelho —com certeza, personalizado.

—Precisamos encontrar o bando do Sawsbuck! Nossa batalha o deixou ferido e o bando depende de sua liderança! —Ela disse, digitando algo na tela —E só há um pokémon que possui o faro para encontrá-lo…

O aparelho bipou e uma pokébola foi teletransportada para a abertura, encaixada perfeitamente no buraco. A jovem tomou a esfera na mão e a abriu, liberando uma luz prata que se moldou na forma de um grande cão terrier de pelos densos e longos. O cachorro era enorme, mais alto do que a menina por sólidos trinta centímetros. Ele também era largo e carregava, confortavelmente, um assento rosa nas costas.

—Ride Stoutland. Dowsing Machine? —O menino perguntou, acariciando a cabeça do canino que bufava e latia —Eu não entendo o que você vai fazer com isso?

—Stoutland tem um dos melhores faros dos pokémon conhecidos —Ela disse, aproximando a mão direita do focinho do tipo normal —Eu toquei no Deerling que foi levado para o Centro. A última vez que vimos o grupo do Sawsbuck foi ao oeste daqui, perto do Centro. Julgando o quanto a planície está destruída e o tempo que levaria para trazê-lo até o Centro, podemos dizer que ele faz parte do bando do Sawsbuck ferido.

O ex-criminoso piscou, tentando juntar às peças e dar sentido a fala da menor. Ele entendeu, até certo ponto, a lógica, porém não colocou muita fé que eles iam encontrar o bando. Ele quase desistiu, no entanto a culpa de ter ajudado a ferir o Alfa e o receio de deixar a pesquisadora foram mais fortes que seu medo.

—Precisamos nos apressar! —Heiwas colocou Shinx na sua bolsa de couro e depois a colocou na frente, para que ela não o derrubasse quando começassem a se mover. Enganchando um pé no estribo, ela tomou impulso e passou a outra perna para o outro lado, montando o Stoutland. Treze teve que ficar de pé sobre ela, as pernas presas nas esporas, já que o assento foi feito para apenas uma pessoa.

—Certo, então como é que essa coisa da partida? Há algum botão ou...Ahhhh!!!

O cão se lançou no ar. As patas se aterraram na areia e o impulsionaram para frente, fazendo-o avançar velozmente. Em questão de segundos eles deixaram o campo de cinzas para adentrar no espaço em que o fogo dominava.
Ganindo quando uma das chamas lambeu seu pelo ele virou para a direita e saltou sobre as chamas antes de tomar uma nova rota e seguir reto pela direita. Não demorou muito para que chegassem à floresta e a coisa ficasse ainda pior.

—Inx!!

O tipo elétrico rugiu quando um grupo de cervos surgiu do nada e quase trombou com eles, esquivando-se apenas por causa do Roar improvisado do felino. Stoutland parou e farejou o ar, enrugando o nariz para a fumaça. A menina poderia pensar que ele tinha perdido a pista ou que simplesmente viraria e seguiria os Deerlings que passou por eles, contudo o canino não fez nem um nem outro. Ele uivou alto e se jogou para frente, desviando de uma árvore carbonizada e avançando com urgência pelo caminho sinuoso que piscava entre as chamas.

—Tem certeza que ele sabe o que está fazendo? —Treze perguntou, agarrando-se a parte superior da cadeira como se sua vida dependesse disso. Espere, sua vida realmente dependia disso!

—Não, mas agora é tarde para mudar de ideia —Sussurrou de volta, não se importando se o outro ouviria.

Quanto mais eles ganhavam terreno mais ela ficava nervosa. Um sentimento ruim se instalou em seu coração e torceu seu estômago em um nó. Algo estava errado! Estava muito errado!

O sentimento persistiu só o tempo suficiente para eles contornarem uma pedra e sair para uma clareira que estava intocada pelo fogo e, então

Bang

O som seco de tiro ecoou pelo espaço, cortando o silêncio do vento e o crepitar do fogo. Stoutland parou na linha das árvores, assustado. Solum guinchou e saiu da bolsa na tentativa de acalmar o grande gigante.
Foi pior do que Heiwas imaginava.

III - Ventos Cruzados  Original

Heiwas andou com os olhos fixos no pokémon ferido. Uma armadilha de urso tinha se fechado na perna dianteira direita do Sawsbuck Alfa, os dentes de metal furavam e dilaceravam a pele, fazendo o sangue escorrer em fios grossos e longos. O pokémon em questão estava desfalecido, cansado, e mal conseguia se manter em pé com a agonia que sentia. Seu pescoço forte estava curvado para baixo e a cabeça quase rastejava na areia. A pelagem marrom e amarela ondulando com o branco cinza do inverno, as flores e folhas caindo de sua galhada e do arco do pescoço. Ao seu lado um pequeno Deerling, o mesmo que havia defendido seu Alfa na luta contra Heiwas, se encostava contra a forma maior, ajudando a apoiar o que a pesquisadora suspeitava ser seu pai.

Em oposição ao desespero e dor do cervo, seu caçador parecia muito satisfeito. Ele balançava uma garrafa de cerveja na mão e uma espingarda na outra, como se estivesse agitando uma bandeira e não empunhando algo que poderia matar alguém em poucos segundos. Heiwas tremeu com a vista, parte por medo que a arma disparasse por acidente e parte por raiva.

A garota se mexeu, fechando a mão no chaveiro de sua bolsa e agachando-se para se aproximar ainda mais dos pokémon sem ser percebida. Treze rangia os dentes e fazia de tudo para respirar sem fazer barulho, mas era difícil quando a fúria parecia ser o sangue que alimentava suas veias.

—C-omo ele pode. Como ele pode fazer isso! AQUELE DESGRAÇADO!

—Shhhh —Heiwas grunhiu —Ele vai nos ouvir!

—Nos ouvir? Eu vou é matar aquele filho da ****! —Os olhos de Treze eram duas chamas marrom na luz alaranjada do fim da tarde, pupilas dilatadas que lembravam um predador se esgueirando atrás de uma presa. A garota não sabia se ficava surpresa ou assustada com aquela aura assassina. Talvez os dois?

—Ele tá armado!

—Ele vai matá-los!

—Precisamos manter a calma!

—Temos é que agir!

—Porque você não me ESCUTA?!

Bang

O tiro atingiu o chão perto da adolescente, abrindo um buraco e ricocheteando. Os dois pararam e prenderam a respiração. O silêncio deveria se fazer presente em uma situação como aquela, contudo os gemidos do pokémon machucado e as risadas e cantarolar do homem eram os suficiente para preencher a falta de som

—Huummm quem é o idiota que está me seguindo? Eu juro que se for a merda de um policial vou meter um tiro no meio da sua fuça —O Cara esbravejou, sua pele branca ficando vermelha de raiva.

Heiwas pesou sua decisão: se levantar ou ficar escondido. Treze não pensou quando ficou de pé e saiu do meio das árvores com as mão para cima, ainda tremendo de raiva. Algo torceu dentro da menina e ela quase se juntou ao garoto se sua preocupação não estivesse no problema principal.

—Hã? É só uma criança… pff que piada…

—Sim, sou só eu seu porco miserável!

—O que você disse moleque?! Quer que eu abra um buraco na sua cabeça?!

A treinadora deu a volta, ficando cada vez mais perto dos dois tipo planta. Ela aproveitou a distração para se esgueirar atrás do Sawsbuck. Não foi lá sua decisão mais inteligente quando a rena se assustou e reagiu com um coice. Heiwas tropeçou para trás com um ruído e estendeu a mão no sinal universal de paz. A evolução, estressada pela dor, não percebeu, embora o pequeno filhote abandonasse o posto ao lado do seu pai para esfregar a cabeça na mão da garota com um gemido choroso. Heiwas afastou as lágrimas do bebê e, em um movimento que só podia ser descrito como empático, abraçou o pescoço do pequeno Deerling.

—Você já incendiou metade da porra da floresta, o que é mais uma morte em suas mãos?!

—Eu vou ajudá-los…

—Eu não matei ninguém —O homem magro franziu a testa, cambaleando em seus pés —Eu só quero aqueles malditos chifres! Então pare de me incomodar e deixe-me terminar o meu trabalho!

—Você está louco?!

—É muito duro. Assim não vai abrir…

—EU VOU TE MOSTRAR O LOUCO! —Rugiu, jogando a garrafa de vidro no menino e depois se virando para o alce —Mas o que diabos você está fazendo?! Quer roubar o meu prêmio, rato miserável?! Heiin?

A arma foi chacoalhada em sua direção; dedo no gatilho. Treze gritou para que o homem bêbado se afastasse, embora esse o tinha esquecido totalmente em favor de concentrar todos os seus neurônios —que não eram muitos —para decifrar a cena à sua frente.

Heiwas soou e empoleirou os óculos em cima da sua cabeça. As mãos se fecharam nos dentes da armadilha e puxaram, tentando, sem sucesso, fazer a coisa abrir. Ela precisava de alguma coisa, algo pequeno e duro que servisse como uma alavanca e desse posição para abrir. No entanto, ela também precisava de mais força...

—Oi! Estou falando com você?! Sua p***! —A espingarda encarou o treinadora e, essa, não desviou o olhar. O dedo brincou com o gatilho.

O caçador nem ao menos percebeu o que estava fazendo quando a arma...

—Shiii!

Stoutland estava de volta, saltando em cima do homem armado com as presas em chama. Fire Fang se fechou no casaco feito de pelo de Absol, fazendo as chamas escalarem e se alastrarem pela vestimenta. Ele xingou alto e puxou a arma para dar uma coronhada no cachorro, embora Shinx tenha pulado do topo da cabeça do tipo normal para usar Bite na espingarda.
Um cabo de guerra se processou: Stoutland puxando a roupa em chamas, de um lado, e Solum puxando o objeto do outro. O caçador ficou perdido, preso entre salvar sua pele ou sua arma.

Ele se decidiu no último minuto, soltando o objeto perigoso para tirar o casaco de pele. Heiwas sabia que não tinha acabado quando o ser humano desprezível tirou duas pokébolas do bolso e as lançou no ar.

—Treze, para de ficar parado aí e faça alguma coisa!

Treze correu de volta para ela, um pouco mais calmo, mas infinitamente mais pálido que antes. Ele se colocou do lado oposto à garota e tentou puxar na direção contrária. A coisa nem se mexeu.

—Lazúli! —Heiwas liberou a Wooper ao mesmo tempo em que se ajoelhava para ficar mais confortável. A chuva tinha começado e a areia estava se transformando em lama. Eles precisavam se apressar. Isso tinha que sair agora! —Preciso de proteção!

A Wooper olhou em volta alguns segundos, meio confusa, antes de assentir e marchar em direção ao Shinx. Um brilho de hesitação cintilou em seus olhos negros, tão rápido que a menina poderia ter perdido se não estivesse prestando atenção. Isso seria algo que ela teria que lidar depois, agora ela precisava salvar a perna do cervo.

—Escuta! Você estava certa!
—Oquê?


—Elgyem ataaaque com Confusion! —Bradou, apontando para os seus pokémons que estavam apenas um pouco confuso com a mudança de ambiente —E você! Não fique ai parado e faça alguma coisa!
Elgyem parecia imitar o andar de seu dono. Seus passos eram tão trôpegos quanto o do humano e suas patas iam de um lado para o outro, sendo jogadas como se fosse um apêndice morto. Os olhos verdes estavam iluminados por uma luz vermelha e as patas redondas subiram para mirar no pokémon mais próximo. Solum teve o azar de ser pego no Confusion, a mesma aura vermelha tomando seu corpo e o suspendo rapidamente no ar. Ele gritou e disparou uma rajada de raios azuis que foi acompanhado pelo Water Gun da Wooper. Os dois ataques percorreram o campo simultaneamente e atingiram o tipo Psíquico que, ao ser acertado, largou o gato e gritou de dor, recuando alguns passos para trás.
Mothim compensou atacando a Wooper com um Tackle bem apontado, mergulhando contra a salamandra e a jogando alguns metros para trás.

—Sobre eu ser um ladrão! Eu roubei Growlithe e não quis encarar esse fato —Treze rangeu os dentes, sentindo o ferro furar a palma de sua mão —Eu sou mesmo um criminoso.
—Não! —Respondeu com a voz clara e monótona —Você pode ser um ladrão, mas eu sou a única que está fugindo de mim mesma! Não importa o que faço, no final sou só uma covarde!


—Pelo amor de Deus sua Borboleta super crescida! Porque você não faz algo que preste e ataca com..a..Protect! —Disse, depois de alguns segundos de profundo pensamento —Elgyem ataque com Hidden Power!
Sentindo uma retaliação a caminho, a mariposa subiu uma tela esverdeada sobre eles, protegendo tanto ela quanto seu amigo com o Protect. Shinx não se intimidou e se lançou na tela, prensando o rosto contra a tela e abrindo bem os olhos. De repente era como se o felino ficasse infinitamente mais fofo. Seu pelo estufou, seus olhos amarelos ficaram maior e mais inocente, como os de uma boneca (Baby-Doll Eyes).
Elgyem não teve nada disso quando mirou na criatura elétrica. Uma bola de energia verde se formou entre seus “dedos”, crescendo a cada segundo. O alien emitiu um barulho estrondoso e agudo, como o de um bipe, e atacou, atirando a esfera no Shinx que escalou e saltou por cima da tela, se protegendo junto ao Mothim.
O inseto não gostou nada disso e se virou para o outro, mas já era tarde: este já havia corrido de volta para seu parceiro com um sorriso sinistro no rosto e olhos brilhando maliciosamente. O Efeito do Leer surtiu muito efeito no esverdeado, principalmente porque eles já haviam experimentado um palinha da habilidade de Solum, Intimidate.

—Isto não é verdade! Você não é covarde, é uma boa pessoa —Ele disse, ficando vermelho (se de esforço ou vergonha nem ele ia saber) —Quer dizer, você está aqui não está?!
—E você também…


—F***! Qual a dificuldade?! É só acertar eles! Acerte a merda fora deles e ganhe a p**** dessa batalha!

Wooper assistiu encantado ao pokémon experiente e prometeu a si mesma que faria o máximo para conseguir a vitória. Talvez, primeiro ela devesse aprender a ficar de olhos bem abertos.

Elgyem correu em sua direção, cabeça baixa e braços para trás. Sem dúvida ele tinha tudo para acertá-la com o Headbutt, no entanto os instintos da tipo água eram insanos e ela reagiu no último minuto, saltando por cima dele e golpeando, com um giro teatral, a cabeça do alienígena. Slam fez o alien comer sujeira, os ossos se contraindo sobre a força do ataque.
Mothim foi ao socorro de seu amigo, contudo Shinx estava lá para o Hidden Power com seu Thunder Shock. A esfera verde evaporou no ar, pouco antes de atingir a fêmea, quando o raio azul penetrou nela e a explodiu.

—Hum, o que é isso?

Stoutland latiu e largou alguma coisa na mão da garota. Parecia uma pena feita de algum material que lembrava o vidro e possuía umas marcas estranhas entalhadas em seu centro e nas laterais. A Wing estava molhada por baba, embora a mulher não desse atenção a isso. Ela era um pouco pequena, mas parecia ser forte e resistente e a pesquisadora não pensou duas vezes antes de metê-la no lugar em que começava as garras da boca de lobo, bem entre o espaço inferior dos dentes. Ela forçou até que o objeto ficou preso e depois aplicou força, testando, calculando.

—No três —Disse para o garoto —Um…
Sol não perdeu tempo e se lançou em ataque, mordendo um dos braços do alien. O Bite pareceu fazer o bicho fraquejar quando esse grunhiu de dor. Seu braço direito se elevou sobre o gato e os pequenos triângulos em suas patas brilharam, precedendo um raio colorido e bem, hum, pitoresco. Multicolorido e abstrato, Pysbeam não perdeu o Shinx e a sua força lançou o tipo elétrico á vários metros de distância.
Wooper se ergueu em proteção, estudou o peito e cuspiu uma rajada de bolas de lama que alvejou o inimigo. Ela mudou o foco para a o inseto quando o viu se aproximar, no entanto esse foi mais rápido e se esquivou, planando alguns segundos a mais no antes de descer os dentes na cabeça da pequena. Bug Bite, alegremente, arrancando gritos de agonia dela.

—Dois —Treze contou, tomando uma respiração profunda para acalmar suas mãos ensanguentadas.

Se levantando com esforço, Shinx sentiu o ar a sua volta se condensar e começar a se acumular nas partes amarelas de seu pelo, se transformando em eletricidade e alimentando suas reservas (Charge). As orelhas faiscaram, a cauda chicoteou no ar e as patas se aterraram quando a chuva se tornou mais intensa e um relâmpago dividiu o céu e se conectou a ele, se dispersando por todo o corpo. Doeu como o inferno, mas o carregou em questão de segundos.
Mothim nem piscou para o show luminoso e voou em direção ao gato com outro Tackle, porém foi surpreendido pela mira de Lazúli que o pegou no meio do movimento com o Water Gun. Com as asas encharcadas ele rapidamente perdeu altitude até que pudesse apenas planar a poucos centímetros do solo. A chuva com certeza era mais prejudicial a ele do que aos pokémon de Heiwas.
Elgyem, acovardado, gastou seu movimento com um Growl, soltando um rugido meio nervoso na direção dos adversários.

—Três! —Disseram juntos e puxaram. Com uma mão Heiwas empurrou a Wing, imitando uma alavanca, e com a outra ela fechou os dedos em um dos lábios da armadilha, puxando e empurrando com toda a sua força. A boca de lobo emitiu um rangido doentio e, por um momento, ambos os jovens pensaram que não se abriria até que algo estalou e ela se soltou da perna do veado. A rena mancou para trás e levantou o membro destruído. Nunca mais seria o mesmo, mas pelo menos agora ele estava livre e Deerling não precisaria crescer sozinho.

Por um lado Shinx estava totalmente carregado, por outro todos os demais pokémon estavam encharcados, sendo que sua parceira era a prova de eletricidade. Não foi preciso pensar muito para tomar uma decisão perigosa.
Spark explodiu com intensidade, acertando todos que estavam no campo improvisado e perdendo por pouco o homem e a equipe de resgate—Stoutland até tomou o ataque bravamente ao entrar na frente deles e salvá-los de serem eletrocutados.
Mothim não teve tanta sorte e desmaiou instantaneamente, seu corpo frágil quase carbonizado com a energia. Elgyem, em compensação, se agarrava a consciência por puro esforço e determinação. Os olhos voltaram a cintilar em vermelho e o alien foi à sua última tentativa de Confusion.

Que pena que escolheu o pokémon errado.

Lazúli encheu seus pulmões e disparou uma bomba de lama bem entre os olhos do típico psíquico. Solum caiu do Confusion em cima dela, contudo nenhum dos dois pareceu se importar quando a vitória foi conquistada.


—“Isso!” —Os treinadores se entreolharam após a exclamação mútua. Os olhos dourados encontraram as joias castanhas e então ambos levantaram as mãos e bateram em um High Five.

Foi nessa hora que tanto Wooper quanto o Shinx se aproximaram, arranhados e exaustos, porém vencedores. Heiwas se abaixou para parabenizá-los, acariciando a cabeça dos pequenos. À frente dela, a um bom número de metros, o caçador xingava e chutava o chão em sua raiva, gritando para quem quisesse ouvir —e quem não —como ele estava de saco cheio daquela floresta f*****. Por outro lado o Deerling macho e seu pai trocavam carícias e “abraços”, farejando uns aos outros enquanto Treze, junto com o Stoutland, tentava segurar o peso do poderoso Sawsbuck Alfa para que não ferisse ainda mais a perna.

A pesquisadora levantou seu olhar e respirou, assistindo o brilho das galhadas de inverno da rena, a luz laranja do fim da tarde e a chuva que continuava a lavar o sangue de suas mãos. Estava tudo certo agora. O mundo parecia, finalmente, ter entrado nos eixos.

—Acabou —Disse, fechando os olhos e sentindo o vento assobiar a sua volta —Acabou…

—Só se for para você!

Bang

O sangue espirrou e o corpo caiu desossado, como se fosse uma marionete com as cordas cortadas. Nada se ouviu além dos gritos de medo e o “Não!” desesperado que ecoou pela clareira. Os joelhos de Heiwas dobraram e a menina se curvou como se fosse um boneco, as lágrimas saindo de seus grandes olhos amarelos. As mãos subiram para o coração, onde deveria estar à bala, e depois desceram até o peito da espécie maior, prensando em uma tentativa fútil de estancar o sangramento.
Havia muito vermelho e muitos gritos e muita tristeza. Seu cérebro congelou confuso: porque Sawsbuck havia recebido um tiro apontado para ela? Será que ele não pensava em seu filhote? Quem era ela para ser merecedora de uma vida?! Está errado, errado e errado!

—Não! Não, não, não! —Ela gritou, arrancando o lenço que estivera protegendo seu nariz da fumaça e colocando sobre o buraco de bala —Deerling precisa de você… p-por favor —Chorou —Por favor, n-não vá…

O cervo bebê correu para seu lado e se jogou na barriga branca de seu ente querido, gemendo e gritando para as nuvens negras, arranhando o chão com seus cascos em uma espécie de birra. Treze, Stoutland, Solum, Lazúli. Todos eles assistiram de pé, envolta do amontoado de corpos.

Então a chuva se transformou em neve e os flocos caíram sobre eles, beijando delicadamente o veado abatido. Sawsbuck levantou os olhos vermelhos e foscos para os delicados flocos de neves antes de abaixar a cabeça sobre o braço estirado da menina, aplicando força para que largasse o aperto sobre sua ferida. Estava na hora de ir. Não haveria nenhum milagre essa noite.

—Não posso deixá-lo ir… E-está errado —Sussurrou, abaixando a cabeça sobre a dele e deixando-se chorar —O que ele fará sem você?

O maior deles olhou para o menor e depois para a humana e, então, de volta para o pequeno. Existem as coisas que você quer fazer, as que você pode fazer e as que você deve fazer. Ela queria que Sawsbuck ficasse melhor e visse seu filho crescer em alguém tão forte quanto ele. Ela poderia ir contra a vontade do Sawsbuck e continuar a estancar o ferimento, ganhar alguns segundos? minutos? e depois oquê? Ele morreria em caminho ao pronto socorro! Ela deveria capturar Deerling e prometer que cuidaria dele como se fosse dela.
Heiwas não queria tanta responsabilidade. Tinha medo e receio de estragar tudo, mas lá no fundo, em sua alma, entendeu.

—Eu prometo —Começou a citar, sua voz um sussurro quebrado pelas lágrimas. Sawsbuck assentiu e lambeu o topo da cabeça de seu filhote —Cuidar e zelar, amá-lo e protegê-lo e lhe ensinar a viver —As frases foram levadas pelo vento que agitou seu cabelo com urgência. Os dedos largaram o pano encharcado de sangue para alcançar a Great Ball em seu casaco —Até que voltemos a nos encontrar…

A luz prata que seguiu a captura e o sorriso triste da treinadora foi a última coisa que Sawsbuck viu quando a morte o arrastou para o sono eterno. Os uivos de angústia seguiram a sua partida...

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Mensagem por Aegir Ter Ago 20, 2019 6:49 pm

Atualização
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Novamente, ótima escrita e narrativa, quanto a isso não há dúvidas. No entanto, confesso que dessa vez a leitura foi cansativa... arrisco em dizer que esse foi o seu maior texto até então. Costumo dizer que a quantidade não é um problema, desde que bem escrito. Seu defeito aqui não está na escrita e nem na narrativa, acredito que seja a quantidade de informações para o leitor processar, se não for bem orquestrado pode ser cansativo. Ademais, você não pode anotar movimentos de pokémon vindos do Ride Pager, sinto muito.

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